25.10.09
Promessa
19.10.09
Elemento Essência
17.10.09
Em meio às flores
Sempre soube que tal romance não daria certo. Mas, quem poderia imaginar que a insanidade de Gabriel chegaria a tal ponto?
Mesmo sentindo que ele era um pouco instável, qual menina consegue resistir aos encantos do galã mais disputado do Rio de Janeiro? Bom, não eu. Tão nova, inexperiente, inocente. Dizer que foi ruim seria mentira. Nos primeiros meses ele me fez sentir uma rainha, uma deusa. Carinhoso e atencioso, todas as qualidades que eu sempre colocara no meu príncipe encantado encarnaram naquele homem que enfim me pediu em casamento. Meu Deus, era eu a garota mais sortuda do mundo? Hoje posso perceber que fui a mais azarada.
O que acontecera naquela mente para fazê-lo ver tudo com malícia? Será que ele não percebia que só ele importava para mim? Eu abandonaria família e amigos para tê-lo eternamente ao meu lado. Mas sua cegueira o fez agir estupidamente. Primeiro as discussões, as proibições, a infelicidade e no primeiro tapa, eu fugi. Sem rumo, com o coração despedaçado, achei em Deus meu único refúgio, minha salvação.
E após três anos acreditei estar segura na pequena cidade de Santarém, e pude respirar aliviada: amanhã completaria 28 anos de existência, quatro anos de vitória.
A simplicidade trouxa para mim a felicidade. Resolvi comemorar minha folga em meio às flores. Não podia prever a visita.Ele entrou caminhando tranquilamente, com roupas sofisticadas, porém com a aparência de um mendigo. Cheirara a fumo e bebida. Não era o mesmo Gabriel que havia ficado na minha mente, muito menos aquele pelo qual eu me apaixonara. Falou o tempo todo com um rancor contido, e eu simplesmente emudeci, sem saber como responder às suas acusações. -Você estragou minha vida, nada mais justo do que eu retribuir, não acha amor? A propósito, feliz aniversário – concluiu meu assassino com um sorriso de escárnio. E, sem tirar a mão do crucifixo, deixei o mundo com uma lágrima não derramada, e sem mais esperanças de Céu ou Inferno: Apenas acabara.
-
Essa narração foi feita a partir de uma proposta de redação da minha apostila (:
15.10.09
Melhores Sensações
Roupa seca depois da piscina.
Desafinar no banho
Correr na chuva
Cantar músicas velhas com amigos velhos
Abraçar forte
Ver o céu
Viajar ouvindo música
Viver através de um livro
Deixar seu corpo obedecer a musica
Tirar a nota mais alta da matéria mais difícil
Sorrir pra alguém na rua e ser retribuído
Ser elogiado
Ver a expressão de amor inocente do seu cão
Acabar com o crédito falando com alguém que gosta.
Assistir um romance e suspirar depois com as amigas
Tirar o salto depois da festa
Não ter hora para acordar
Pisar na grama descalço
Se emocionar ouvindo uma orquestra
Ouvir um “eu te amo”
Não ter nada para fazer
Ter muitas coisas para fazer
Conseguir cumprir uma tarefa difícil.
Olhar no espelho e se achar linda.
Rir do seu próprio tombo
Ver o vento tirar as flores e folhas da árvore
Ouvir o riso de uma criança
Rir como uma criança
Se espreguiçar depois do cinema
Comer manga do pé
Deixar uma joaninha fazer cócegas no seu braço
Deitar na rede depois do almoço
Chuva na janela e cheiro da terra molhada
Vergonha de ficar perto da paixão quando se é criança
Casos contados com a família reunida
Filme debaixo da coberta num dia frio
Sentir Deus
Aniversário surpresa
Presenciar o nascer da lua cheia por detrás da Pedra Grande
Ficar debaixo da cachoeira
Loucura sem bebida
Vento no verão
Vista suada do alto de uma montanha.
Se perder e encontrar um lugar mágico
Passar horas no telefone com sua melhor amiga
Receber um e-mail escrito por alguém amado
Ensinar e aprender com seus avós
Pular na cama elástica
Matar a sede com água
Ver e sentir o mar
Amar e ser amado
Viver.
Num dia como outro qualquer
Tive de forçar minha mente a parar de pensar para conseguir ter uma boa noite. Eu precisava descansar, me desligar das expectativas e mergulhar num sono profundo, onde o Nada reina ao lado da Paz.
Passei a manhã inconscientemente – privilégio obtido com a rotina – e tentei não olhar para o futuro. O fato de ser uma terça-feira letiva ajudou um pouco. Porém, a enganação começou a perder força com o fim da obrigação chegando, e quando finalmente o sinal bateu, meu coração já palpitava de ansiedade. Engoli a gororoba de um almoço-de-última-hora, me arrumei já com o nervosismo borbulhando em meu corpo. Engraçado como, se algo é especial, não importa quantas vezes se repita, causará sempre um frio na barriga antes, uma impressão surreal durante, e um entorpecimento depois.
Corri como uma prisioneira liberta depois de anos, porém o sedentarismo impediu minha euforia e tive de me contentar com uma caminhada adequada à minha condição física. Ah, se o corpo correspondesse à mente... Nem o som seria tão rápido.
E, quanto mais perto do paraíso eu chegava, mais a montanha-russa em meu estômago acelerava, minhas mãos inquietas tentando canalizar o desejo. Meus olhos vasculhavam a área procurando aquele rosto que tanto me acalma. Então eu o vi, e foi como respirar depois de muito tempo debaixo d’água. Avancei para seus braços, naquele abraço reconfortante que faz minha mente parar de funcionar, dando total atenção ao toque, ao cheiro, ao calor. Sei que por mais expectativas que eu criasse, por mais histórias que minha imaginação inventasse, nada seria tão bom, pois aquilo era real, nós estávamos ali.
E então foi como entrar numa redoma de tranqüilidade, de alegria e contentamento. Já não lembrava mais o que queria dizer, não sabia que dia era aquele. Não fazia idéia da fórmula de baskara, não importava a briga entre capitalismo e socialismo. Até mesmo a dor de cabeça fora levada pelo ar. Por mais bela que fosse a paisagem, meus olhos pareciam um imã sendo atraído para os olhos castanho-claros, de uma transparência mel quase verde à luz do sol, tão sinceros e profundos. Os olhos do meu anjo na Terra.
Se conversamos... Bom, terei de fazer um pouco de força para lembrar o assunto. Poderíamos conversar à distância. Aquele momento, com nossos corpos juntos, assim como nossos espíritos, superava qualquer palavra. Eu estava dizendo EU TE AMO com alma. E sei que ele sentiu, sem precisar ouvir. Envolvida em seus braços, podia sentir seu coração batendo, mesmo com o fone tocando nossas músicas preferidas. Fechei os olhos e quase pude ver a energia que dançava à nossa volta. O amor em seu estado puro, tão terno e divino que por um momento me senti em outra dimensão, somente presa a esse mundo pelo vento úmido do lago, a grama que fazia cócegas.
Tão sublime, o contato de nossas peles, a sua respiração em meu ouvido, nós ali, como se fossemos – e talvez fossemos mesmo – as únicas pessoas nesse espaço. E ao mesmo que era algo maduro, era também ingênuo. Nunca havia estado com alguém daquele jeito, porém, para alguém de fora, parecia apenas um simples abraço, um simples deitar ao lado do outro. É claro, o sentimento não pode ser visto, mas está longe de não ser concreto.
E o tempo me pregava peças, ora avançando lentamente, ora disparando. Por fim, em sua última travessura, o relógio nos obrigou a voltar à realidade, e caminhamos, ainda tentando ficar o mais perto possível, para o fatídico momento de dizer ‘tchau’. Os músculos do meu rosto involuntariamente me obrigavam a sorrir como uma criança na manhã de natal, e eu ri de mim mesma internamente (ou foi externamente? Minha percepção externa estava meio abstrata). Será que as pessoas que passavam por nós podiam sentir aquilo também? A felicidade era grande demais para conseguir guardar apenas em meu coração.
Um abraço de despedida desajeitado, nos afastamos. Olhei em seus olhos e creio que ele sentiu a mesma força nos puxando de volta, e então o último abraço, não triste por causa da separação. Havia tanto sentimento bom que não havia espaço para tristeza. Sorri, me virei para seguir a direção oposta, e internamente um novo sentimento dominava: o de agradecimento. Quando se sente é mais fácil entender o porquê da expressão “Deus é amor”, e eu não poderia me sentir mais privilegiada por ter como mestre de minha vida algo tão grande e superior.
O encontro havia sido tão intenso, eu havia doado e recebido tantas ondas de amor, que minha cabeça parecia ter saído de uma máquina de centrifugação, e a reação normal ao ambiente custou a voltar. Minhas pernas me levaram automaticamente para casa, pois meu espírito ainda voava. As informações se empurravam contra crânio, e aos poucos fui retomando a cabeça-máquina do dia a dia. Quando finalmente cheguei em casa minha alma já havia se conformado com o comum e voltara para minha vida de sempre. Com os sentimentos enfim em ordem, o coração regular, os cinco sentidos funcionando direito e os pensamentos coerentes, pude desfrutar do momento com uma visão de expectador. O lindo espetáculo da vida, a verdadeira vida. Como algo tão grande e forte pode ser suave e contínuo sem alterar em nada sua escala?
Ainda parece impossível que dois seres possam se envolver tão profundamente. O quase impossível essencial à vida. E então entendi o que Carlos Drummond de Andrade quis dizer com "Todo ser humano é um estranho ímpar"
12.10.09
Verbo de Ligação
Somente às vezes
Sem Arestas
Num dia qualquer, aula brilhante do meu professor Dimas, de História, e este incrível homem solta a frase "É preciso aparar as arestas do conhecimento, meus queridos." A frase pousou em minha mesa e não parou de me encarar até que eu comecei a estudá-la, buscar o sentido nas suas entranhas, e não poderia chegar numa reflexão mais construtiva.
Consegue imaginar uma sociedade sem extremos?
Nada de facismo, nada de socialismo.
E o conhecimento, quantos avanços aconteceriam se o pensamento não fosse quadrado...
A natureza é um ciclo, para que romper com essa regra?
Desde então venho buscando aparar minhas arestas, rumo à um círculo perfeito de mente e espírito, livre para mudar de lado, para girar em torno de meus ideais, para dinamizar um meio de pessoas estagnadas, movimentar minhas energias e fazer as engrenagens do desenvolvimento funcionarem à todo vapor.
E que esse propóstito não seja uma linha em meu coração, com começo e fim, mas que gire eternemante, e se espalhe por esse mundo afora.